4.4.11

O que estás a fazer dona? Vamos mudar de casa?

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Gosto de um armário vazio. Gosto de abrir as portas de um armário ou as gavetas e apreciar o potencial de arrumação que possuem. E no entanto gosto de mantê-los assim, vazios. Que lógica tem isto? Se um armário não serve para guardar coisas, roupas ou objetos, de que serve? A verdade é que gosto de ter pouca coisa. Em minha casa abundam, principalmente, três coisas: roupa, sapatos e livros. Talvez até por esta ordem. Mas na verdade e comparativamente com outras pessoas que conheço, até nem tenho assim tanta roupa e sapatos. Porque de vez em quando gosto de fazer umas limpezas; entre uma a duas vezes por ano faço uma revisão á roupa (confesso que tenho mais dificuldade em fazer o mesmo com os sapatos…) e entre o que já não me serve (por causa daqueles bichinhos que habitam nos roupeiros e que encolhem a roupa durante a noite) e o que já não gosto e não visto há mais de um ano e que, portanto, já não voltarei a vestir, juntam-se sempre dois a três sacos grandes de roupa que é entregue á cruz vermelha.

Nunca fui uma guardilhona. Nunca fui de conservar recordações disto e daquilo, bilhetes de cinema ou de concerto, papelinhos, ou porta-chaves por exemplo, quando um é substituído vai para o lixo; nunca fui de fazer coleções de nada, precisamente porque não gosto de acumulações. Não tenho um serviço de louça para o dia-a-dia e outro para quando tenho visitas, mas tenho quatro pratos para massa, um conjunto de seis para comida chinesa e outro para fondue. Tenho-os porque foram oferecidos, eu não os teria comprado. Não tenho copos de cristal ou de champanhe; a minha mãe fazia questão que os tivesse mas recusei, acho desperdício de dinheiro e de espaço. Tudo o que tenho em casa está ao uso. Se não está ao uso é porque não é necessário.

Por esta razão faz-me um pouco de confusão a ideia de entregar a decoração de uma casa a um decorador. Porque os decoradores têm uma forte tendência para encher as casas com objetos decorativos sem qualquer utilidade, apenas para compor e ficar bem e encher o vazio. Faz-me confusão os espaços que para mim são demasiados cheios com jarras e potes e lanternas românticas e taças e trinta molduras diferentes. Certo que as casas podem ficar com muito estilo e a minha ser demasiado simples e minimalista, mas quando olho para aquilo tudo e penso o trabalhão que há-de dar limpar o pó a tanta coisa, mais gosto de ter pouca coisa.

Hoje foi dia de uma destas limpezas. Umas quantas coisas para a garagem (coisas que fazem parte do meu passado mas que não são para deitar fora, ainda) e dois sacos cheios para o lixo. As garagens servem, basicamente para três coisas: pôr o carro, guardar a lenha, e guardar o que já não se quer ter em casa mas que ainda não está na hora de ir para o lixo. Um dia destes ganho coragem e limpo a garagem.

Agora gosto de olhar para aquelas prateleiras e vê-las vazias. Para mim este tipo de limpeza tem um efeito de catártico. Adoro deitar coisas desnecessárias fora, desfazer-me do acessório e manter apenas o essencial. Faz-me sentir leve e arejada, as energias da casa são purificadas como se varridas por um vento positivo.

É uma satisfação. Gosto do vazio.

Cat

3 comentários:

Gata2000 disse...

Já eu guardo tudo, até papeis que nunca mais vão ser precisos, até que um dia, me dá na loucura e desato a limpar e a arrumar, nesse dia percebo que acabei de deitar fora cerca de um ano da minha vida e sinto-me incompleta, depois lá volta a rotina, guarda e deita fora, guarda e deita fora :)

S* disse...

Acabei de fazer isso mesmo. Trouxe do sótão a roupa de verão e estive a seleccionar... o que não uso, vou entregar na Lojinha social. :)

Não gosto das coisas vazias, ao contrário de ti. Mas também não gosto dos espaços cheios, pois parece que pouco ou nada lhes posso acrescentar. Meio-meio é o ideal.

Cat disse...

Gata2000/ conheço várias pessoas assim como tu, mas nunca tinha percebido que podiam ter essa sensação de incompletude. ;)

S*/ a Loja Social também é uma boa opção. Para a próxima vou lá entregar.