Diário de um Linfoma I

Devo dizer que nunca tomei como garantido que viveria sempre sem passar pela experiência do cancro; afinal a realidade dos números do cancro da mama e do colo do útero faziam-me sentir que não acontece só às outras, eu poderia vir a fazer parte das estatísticas. Nunca imaginei é que fosse com um linfoma!

O termo não me era totalmente estranho mas não fazia ideia do que realmente era. E os médicos sempre a falarem em mediquês, só dá vontade de dizer “ligue o tradutor se faz favor para eu me sentir menos ignorante”.

O que eu tenho é um Linfoma Não Hodgkin. Não existe uma razão médica ou cientifica que explique o porquê do linfoma, não existe uma causa-efeito.

Dos sintomas mencionados pelo médico sei agora que senti o cansaço e gânglios inchados, mas como os senti em alturas completamente distintas e de forma tão mínima a nível dos gânglios, não fui ao médico de imediato. Afinal quem é que vai a correr ao médico só porque se sente cansado? Atribui isso ao trabalho e decidi que tinha de descansar mais, até que abandonei o ginásio; de facto, deixei de ter energia para as duas horas de aulas e depois até para uma só. Mas não dei importância, a verdade é essa. Só após um estranho mês de enjoos súbitos e vómitos violentos, e alguma insistência dos amigos é que decidi ir ao médico. Acho que no fundo sabia que alguma coisa estava errada mas tinha medo de admiti-lo e aceitar o processo. O positivo é que de tudo o que podia ser (tudo o que os médicos suspeitaram e não me disseram), o linfoma é o menos mau. Os tratamentos têm taxas de sucesso elevadas, afirmado tanto pelos médicos como pelos enfermeiros.

E eu tenho muita esperança e sobretudo tenho FÉ. Fé na cura, fé nos tratamentos, fé em mim e na minha força, fé na força, apoio e ânimo que a minha família e amigos me dão diariamente.

Cat