Há já alguns anos que acho que o natal se passava muito bem sem troca de prendas. Não é só pelo dinheiro, que claro que também tem o seu peso quando o mesmo não abunda, ou pelo tempo investido em lojas e centros comerciais ou pela correria à procura daquilo que achamos que o destinatário da prenda vai gostar. Afinal esta é a época por excelência em que se devia celebrar o amor entre os homens, a paz, a esperança e a partilha, e não o consumismo materialista que impera nos dias de hoje. Claro que se estes valores fossem cultivados sempre, todo o ano, não haveriam guerras nem fome, o respeito pelo próximo, pelos animais e pela natureza seria tão natural como respirar, não apareceriam bebés em sacos junto a caixotes de lixo, não haveriam crianças nem velhos maltratados, não existiria violência doméstica. O frenesim das compras, que se intensifica quanto mais se aproxima o dia de natal, cria a ilusão de que está tudo bem quando o mundo está virado do avesso e de que a humanidade é feliz.
Este ano, e quem sabe talvez inicie uma nova atitude no seio da minha família e amigos, decidi que não dou prendas a ninguém. Acredito que o melhor que posso oferecer é o sentimento puro que nutro por cada um dos que fazem parte de mim, e fazê-lo diariamente. E decidi igualmente que não quero prendas de ninguém, embora a resposta imediata que obtenho é “podes decidir não dar prendas mas não podes decidir que não tas dêem”. Acredito que se for retribuída na mesma medida do que pretendo dar, pode criar-se uma cadeia de amor e respeito imparáveis. Para além disso, a única e mais importante prenda que eu queria ter é a única que ninguém me pode oferecer, portanto, todas as outras prendas perdem significado, por muito sentimento que tenham.
Cat
2 comentários:
Adorei as tuas palavras.... fiquei com um sorriso palerma... :D
TM, obrigada amiga, significa que teve algum impacto. :D
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