Trancada no próprio quarto, sozinha em casa, sem telemóvel nem telefone, nem PC, com o fecho de segurança da porta da rua trancado. Isto podia muito bem ser uma cena de uma comédia ou de um filme de terror. Mas não, é apenas uma cena do filme que é a minha vida. Ontem preparava-me para sair de casa, a minha companhia para jantar e cinema estava quase a chegar. Tinha acabado de fechar as janelas, já estava calçada e prontinha para sair quando me lembrei que era melhor levar um casaco, as noites já não são de verão. O bolero que estava no puxador da porta do quarto servia. Ao tirá-lo emaranha-se com o cabide e não sei como a porta fecha-se. Até aqui tudo normal. Mas eis se não quando vou abrir a porta e ela continua fechada. Tinha-se avariado o puxador. Estava trancada no quarto sem meio de comunicação com o mundo lá fora. Uns segundos de incredulidade, outros de desespero com murros na porta como se ela se abrisse só de medo da minha força física, muitos “eu não acredito que isto me está a acontecer, e agora?”. A vizinha do rés-do-chão! E lá vou eu para a varanda gritar pela N. Não valia a pena, tinha visto a N a sair de carro um bocado antes e ainda não devia ter voltado. Muitos “eu não acredito que isto me está a acontecer, e agora?”. Ao olhar para cima vejo o cão dos vizinhos do terceiro a espreitar pela varanda. E ponho-me a gritar “Ó vizinho! Vizinho!” (que rico espectáculo!, que remédio, só sei o nome da vizinha do rés-do-chão). E lá vem a senhora e eu começo a explicar-lhe o que se estava a passar e ela a olhar para mim como se eu fosse doida. Pergunto se tem uma chave de fendas para eu tentar desmontar a fechadura. Nisto vai para dentro sem uma palavra e eu a pensar que ela me tinha deixado ali. Regressa com o recado do marido a dizer que ele não tem chave de fendas. Por favor!!! Eu que sou gaja tenho umas seis!!! Que raio de marido. Peço-lhe que me faça uma chamada, para o único número que sei de cor, o da minha companhia para jantar. Liga uma, duas vezes e não atende. Peço para que insista. Na minha cabeça já se passavam vários filmes, chamar os bombeiros, ficar ali até que dessem pela minha falta… Socorro!!! Á terceira lá atende e estranha o discurso com sotaque de leste, mas estava mesmo a chegar. A sorte é que tinha a chave da minha casa. Fico á espera de ouvir o elevador e a chave na porta durante uns segundos intermináveis e a minha cabeça sempre a dizer-me para manter a calma… Chave na porta e grito pelo nome dele, já me sentia meio salva. Mas o fecho de segurança…pois. Trancado, impossível de abrir com a porta aberta. “Rebenta com a porta! Dá-lhe um pontapé!” – “Mas tu pensas que isto é um filme?” – “Chama os bombeiros! Chama o homem das chaves!” – “Eu vou mas é comprar um serrote de cortar ferro!” – “A esta hora, mas onde?” - “Olha, á farmácia! Espera aí (como se eu fosse a algum lado) que eu já venho!”. E foi. E eu fiquei a ver TV e a contar os minutos. Valha-me ter TV. no quarto. O meu herói volta de serrote na mão, corta o fecho de segurança, e eu logo a dar indicações de onde estava a caixa das ferramentas quando a porta do quarto se abre. Nunca fiquei tão feliz por sair do quarto. E abraçar o meu HERÓI SUPER ARROMBADOR!
Cat
3 comentários:
Lindo... só de filme, mesmo!
:D
Fartámo-nos de rir...
:P
Nada mais importante que ter um Super Arrombador sempre á mão!!! :D
Spritof, ai amigo, nem sei como consegui manter-me tão calma. Mas agora é de rir mesmo! :D
TM, realmente foi mesmo importante ter um herói disponivel! ;)
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