25.3.07

Há quem acredite em amor à primeira vista. Há quem diga que isso não é amor, é paixão.
Há quem diga que a paixão é efémera e que o amor é eterno.
Há quem diga que a amizade se constrói ao longo do tempo.
Eu não sei dizer.
Mas para quem sabe, então, pode a amizade transformar-se em amor? É o amor um sentimento feito de construções sucessivas de outros sentimentos onde incluímos a amizade? É a amizade uma espécie de amor, ou o contrário?
Porque duram amizades uma vida inteira e amores que duram tão pouco? Como sobrevivem amizades à longa distancia, à separação de anos ou décadas, e encontrando-se novamente, parece que foi ontem a última vez que se viram?
Porque não podemos ser como as crianças e simplesmente perguntar “olha queres ser meu amigo?”, e permitir que esse sentimento seja tão verdadeiro e forte como aquele que hoje exigimos que demore meses, anos a desenvolver-se, a amadurecer, obrigando-o a ultrapassar provas semelhantes aos 100 metros barreiras, para provar a nós mesmos de que é uma amizade. Crescemos e perdemos a inocência de uma amizade gratuita.
Como podemos considerar alguém que pouco conhecemos como nosso amigo? Eu sei porque o sinto. Sinto em mim que gosto dessa pessoa e não preciso de provas para o sentir como meu amigo, nem vou estar à espera do golpe final da decepção para que outros tenham a prova da sua razão. É meu amigo porque quero acreditar nisso.
Quantas vezes esperamos que aquela pessoa que conhecemos há tantos anos, que é nosso amigo desde o que nos permite a memoria lembrar, este ano se lembre do nosso aniversário, mas mais uma vez não pôs o lembrete no telemóvel?
Destes outros amigos, que não sabemos muito bem de onde aparecem, não temos que esperar nada, nada temos a exigir. É um outro nível de amizade? Uma amizade em que a distância entre alguém que apenas se conhece por palavras dita as regras? Palavras que tanto podem ser verdadeiras ou não, é certo, mas que garantia temos de que quem nos olha nos olhos nos é verdadeiro? Hoje colocamos tudo em causa. Amizades antigas, amizades recentes, amores, paixões – sentimentos que podem ser tão confusos quanto poderosos. Queremos avaliar, racionalizar à medida do que nos ditam os tempos e a sociedade actual. Racionalizar algo que é tão instintivo como a fome, porque independentemente de todos os outros factores, como a confiança, se baseiam, primeiramente, em gostar de alguém, e para se gostar de alguém não são necessárias provas nem regras. Simplesmente, gostamos!
Cat

2 comentários:

Anónimo disse...

Sobre a paixão o amor e a fidelidade escrevi algumas reflexões no livro "SWING".
Sei que em determinado momento pensou ler o livro; chegou a fazê-lo? Que me diz sobre o que leu?

Cat disse...

Julio Morgado, ainda não li o livro mas está na lista das próximas leituras.
Já agora, bem vindo! Espero vê-lo mais vezes.